Foco em serviços primários, recuo nas dívidas: o que esperar do orçamento de R$ 5,4 bilhões para Ribeirão Preto em 2026
26/12/2025
(Foto: Reprodução) Orçamento de Ribeirão Preto deve chegar a R$ 5,4 bilhões; entenda
Maior cidade da região, Ribeirão Preto (SP) tem um dos dez maiores orçamentos do estado de São Paulo, projetado em R$ 5,4 bilhões para 2026, com uma alta de 5,6% em relação a 2025 e uma realidade distinta observada em anos anteriores.
Ainda com projetos estruturais, como intervenções viárias, o município deve priorizar, ao menos em 2025, o enxugamento das dívidas de longo prazo impulsionadas por investimentos relacionados à mobilidade urbana executados até então.
Por outro lado, promete não deixar de investir em serviços básicos como saúde, educação e assistência social.
✅Clique aqui para seguir o canal do g1 Ribeirão e Franca no WhatsApp
Vista aérea de Ribeirão Preto
Reprodução/EPTV
Além disso, a elaboração do orçamento é marcada por um elemento político essencial: a projeção é a primeira com o perfil do atual prefeito Ricardo Silva (PSD), eleito em 2024, que até então executava o que estava previsto pelo antecessor.
O que destacar no orçamento 2026
Aumento na arrecadação e nas receitas: A Prefeitura projeta uma receita de R$ 5,4 bilhões, 5,6% acima de 2025. A expectativa em torno de tributos como ISSQN, ITBI e IPTU é um dos principais fatores atrelados.
Superávit fiscal: A relação entre despesas e receitas primárias - ou seja, referentes a tudo aquilo que não envolve pagamento de dívidas - é de um salto positivo de R$ 70 milhões, 25% acima de 2025. Além disso, o município vai ampliar de R$ 8 milhões para R$ 10 milhões a reserva de contingência.
Redução nas dívidas: pela primeira vez desde 2022, a dívida fundada - projeção de débitos de longo prazo -, tem um recuo de 21% e deve chegar a R$ 1,3 bilhão.
Saúde acima da obrigação constitucional: com um orçamento previsto em R$ 1,08 bilhão em alta de 4,5%, é a pasta com maior destinação de recursos do município, com a promessa de expansão de serviços e aquisição de novos equipamentos. O valor representa 26,2% da arrecadação da administração direta, acima dos 15% estabelecidos como mínimo pela legislação brasileira.
Queda nas despesas de capital: os aportes voltados para os chamados ativos fixos, como máquinas, equipamentos e veículos e outros itens relacionados à vida útil do patrimônio do município terão uma queda de 11% e vão representar R$ 524,2 milhões.
Alta nas despesas correntes: os gastos do município com aquilo que não representa aumento de capital devem subir 19% e chegar a R$ 4,9 bilhões. Destaque para a alta nos custos com pessoal e encargos, acima dos 12%. A folha de pagamento ainda está dentro dos limites da Lei de Responsabilidade Fiscal e corresponde a 48% do orçamento.
Previdência com peso de secretaria: o Instituto de Previdência dos Municipiários, responsável pelas aposentadorias de ex-servidores de Ribeirão Preto, tem a segunda maior receita no orçamento, somente atrás do dedicado à Secretaria da Saúde. São mais de R$ 981 milhões, acima dos valores gastos com educação, água e esgoto, e infraestrutura.
Foco em redução de dívidas
Desde que assumiu o cargo, Ricardo Silva tem salientado a necessidade de equilibrar as contas da Prefeitura, sobretudo por conta das dívidas de longo prazo herdadas.
Muitas delas estão atreladas a financiamentos adquiridos para bancar projetos estruturais como as obras de corredores de ônibus e viadutos, entre outras intervenções do "Ribeirão Mobilidade", com recursos da fase 2 do Plano de Aceleração do Crescimento (PAC 2).
Em função desses financiamentos, ao longo dos últimos anos a chamada dívida fundada do município passou de R$ 1 bilhão. Agora, com o orçamento de 2026, pela primeira vez nos últimos anos, a projeção desses débitos tem um recuo de 21%.
"A prioridade estaria focada no saneamento fiscal e respectiva redução da dívida, vez que a gestão anterior havia realizados vários financiamentos por conta do PAC, sendo previsto o valor de R$ 153,4 milhões em operações de crédito. Portanto, a atual gestão manteve uma postura conservadora evitando aumentar o endividamento do município", analisa Márcio Minoru, integrante do Observatório Social de Ribeirão Preto.
O especialista alerta que, ao enxugar os gastos, a Prefeitura precisa atentar para não reduzir sua capacidade de investimentos e de renovação urbana.
Na sua carta de apresentação, o prefeito garantiu que vai manter a máquina pública em funcionamento equilibrado, sem prejudicar investimentos em saúde, educação e outras áreas como inovação e inclusão social.
"Na busca pelo equilíbrio fiscal, a cidade deixa de realizar obras de grande porte, o que não é necessariamente negativo. É importante levantar quais obras de grande porte seriam de fato relevantes para o futuro do município juntamente da participação popular e da classe empresarial", analisa o integrante do Observatório Social de Ribeirão Preto.
Minoru também destaca que pesa nessas contas a projeção de receitas estipuladas para o próximo ano, que devem chegar a R$ 5,4 bilhões, com uma alta de 5,6% graças à expectativa de incremento de arrecadações de tributos como Imposto Sobre Serviços de Qualquer Natureza (ISSQN) e Imposto Predial Territorial Urbano (IPTU), mas também a outras obrigações previstas em lei.
"A LOA prevê ações como o controle rigoroso das despesas, incremento na arrecadação e cumprimento das metas fiscais, portanto, o resultado dependerá de disciplina fiscal, crescimento efetivo das receitas e prioridade às despesas obrigatórias."
Centro Administrativo de Ribeirão Preto, SP
Reprodução/EPTV
Veja mais notícias da região no g1 Ribeirão Preto e Franca